Que o Brasil está em evidência até o Sri Lanka discute em suas rodas políticas. O país passou a integrar o roteiro de organizações e produções nas mais diversas esferas, seja econômica, científica ou cultural. Nessa esteira, muitos artistas renomados e seus shows pirotécnicos passaram e seguem passando por aqui, na certeza do franco crescimento brasileiro e do nosso momento positivo no cenário mundial diante da crise constante a assolar o velho mundo e os Estados Unidos. Nessa tendência, percebemos a vinda de muitos músicos vinculados a estilos sonoros em ascensão pelo resto do mundo. Não exatamente artistas ou bandas renomados e populares, com público cativo e numeroso, ainda mais num país, digamos, inexplorado para eles. É o caso da black music e, principalmente, do afrobeat, o gênero que mais cresce em todos os cantos do planeta desde a morte de Fela Kuti, no fim do século passado.
Este mês esteve em São Paulo (principal difusor cultural brasileiro) e no Recife (cidade com fortes raízes africanas) a Antibalas Afrobeat Orchestra. Trata-se de nada mais, nada menos que a maior banda de afrobeat do mundo. Fundada em 1998, um ano após a morte do criador do gênero, Fela Kuti, a orquestra é a precursora dessa onda afrobeat revival, inclusive tendo participação na criação do musical FELA, da Broadway. Confere uma entrevista do trompetista Jordan McLean ao blog Radiola Urbana e já fica sabendo mais um pouco da história dessa fantástica banda. Aqui o site deles. Enquanto isso, ouve uma sonzera dos caras.
Dando sequência a essa prova de que o afrobeat se consolidou no cenário musical mundial e brasileiro veio a divulgação da programação 2012 da Virada Cultural de São Paulo, grande evento promovido pela Secretaria da Cultura da cidade que reúne milhões de pessoas pelas ruas em 24 horas de atividades ininterruptas. Teve repercussão muito positiva a grade programada para a Praça Júlio Prestes, com músicos nigerianos, ganeses, congoleses e de outras nacionalidades, incluindo brasileira, “refletindo a emergência da raiz negra na cena musical paulistana”. Estarão se apresentando, entre outros, o filho de Fela e a banda que o acompanhava, Seun Kuti & Egypt 80; Tony Allen (ex-baterista de Fela); Ebo Taylor; os paulistanos da Bixiga 70, excelente orquestra de afrobeat que recentemente lançou disco; grupos jamaicanos e neozelandeses.
Ao mesmo tempo, no palco da Praça República o tom é de jazz, hip-hop, soul e funk. Destaque para os americanos Roy Ayers, Charles Bradley e Larry Graham (ex-baterista da Family Stone e líder do Graham Central Station). Ocorrendo entre sábado e domingo, 5 e 6 de maio, a Virada Cultural é um evento tradicional na capital paulista, e a edição deste ano terá mais de cem palcos espalhados pela cidade, oferecendo as mais diversas expressões artísticas aos mais variados públicos. Pra saber mais, consulta a programação completa no site da Virada Cultural de São Paulo.
E tem mais. Entre os dias 8 e 13 de junho ocorre a segunda edição do BMW Jazz Festival, novamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Após a bem sucedida estreia, ano passado, a produção do evento buscou locais mais amplos, disponibilizando mais ingressos ao público. O Festival se consolida no calendário dos grandes eventos, novamente aplicando a fórmula de trazer nomes consagrados e revelações, promovendo um repertório coeso de diferentes linhas do jazz e suas vertentes. O grande destaque dentre os artistas relacionados, sem dúvida nenhuma, é o excelente saxofonista Maceo Parker, contando ainda com participações dos seus parceiros de J.B.’s Fred Wesley e Pee Wee Ellis. Certamente, artistas que valem a programação e a viagem. Dá uma olhada no que pode rolar dum encontro desses três monstros do funk.
Tu podes ver detalhes do BMW Jazz Festival no site do evento.
Ficamos na expectativa do que mais pode surgir esse ano. E de que eventos e festivais de tal porte sejam realizados pelas bandas do sul do Brasil, se um dia Porto Alegre conseguir atingir o nível cultural de uma capital do mundo como São Paulo.